Resumo da História da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo

A fundação

Os desaires consecutivos não foram, porém, bastantes para desanimar um conjunto de montemorenses mais determinados. Em 10 de Agosto de 1930, quando consideraram reunidas as condições mínimas necessárias, seis representantes desse grupo pioneiro juntaram-se numa sala do Clube de Montemor-o-Novo. Teceram então uma “ violenta crítica ao abandono “ a que os “ serviços de salvação pública “ haviam sido remetidos; e considerando a sua reconstituição uma “ necessidade urgente “, formalizaram a intenção de “ organizar uma corporação de bombeiros voluntários “. Para esse efeito, constituíram-se em Comissão Organizadora da Associação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo e aprovaram o Projecto de Estatutos já previamente elaborado.

Os seis fundadores reunidos nessa tarde de Agosto eram: Alfredo Maria Praça Cunhal, António Justino Mexia da Costa Praça, Francisco Simões Carneiro, Jerónimo de Almeida Faria, Luis Brejo Pimenta de Aguiar e Luis Henrique Fragoso Amado.

Esta unidade de salvação pública surgiu no contexto do reforço do movimento bombeirístico ocorrido a partir de 1929 e do qual resultaria também a fundação, a 18 de Agosto de 1930, da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Seis dias após a reunião inaugural, a Comissão Organizadora requereu à câmara o seu patrocínio, bem como a cedência do material de extinção de incêndios e a atribuição de um subsídio. Inicialmente instalada, em condições precárias, na casa de depósito do material de incêndios na Rua de Santo António, a agremiação transferiu-se, em 1931, para o edifício nº 58 da Rua 5 de Outubro, que servia também de quartel, alugado por duzentos escudos mensais.

Ao mesmo tempo, organizou-se internamente, elegendo como presidente, secretário e tesoureiro respectivamente, Alfredo Cunhal, Fragoso Amado e Jerónimo Faria.

A par de uma abrangente campanha de angariação de sócios, foram organizadas as mais variadas actividades e iniciativas para angariar verbas para a corporação. O empenhamento destes abnegados pioneiros em prol de uma causa nobre, desencadeou uma enorme onda de solidariedade. Registaram-se as mais variadas ofertas tanto a nível material, como a nível da mão-de-obra e prestação, gratuita, de serviços.

As primeiras admissões ocorreram em 27 de Abril de 1931, tendo em 5 de Julho a sua primeira apresentação pública. O Corpo Activo era constituído pelo Comandante Luis Fragoso Amado, 2º Comandante Francisco Simões Carneiro, 2 motoristas e mais 26 elementos distribuídos por duas secções. Ainda no decorrer deste ano, acudiram a 3 incêndios, 1 inundação, 4 desastres rodoviários, 2 acidentes de trabalho e transportou 4 doentes para o hospital.

Entretanto a novel Associação ia ultrapassando como podia as dificuldades inerentes ao seu processo de estruturação, agravadas por um contexto sócio-económico desfavorável. Apesar das dificuldades, arrancaram, com a realização de piquetes nocturnos a 23 de Abril de 1932. Em Junho já se encontravam equipados com um pronto-socorro e um carro de pessoal. Em Julho promoveram o primeiro simulacro. Em 1933, o bombeiro Celestino José Gatinho e o sócio auxiliar António Jacinto Marques Macedo, ofereceram-se para construir, gratuitamente, uma maca rodada de que a Corporação tanto carecia. A Comissão Organizadora adquiriu os materiais e a obra ficou pronta no final do ano, transportando. Só nos primeiros 7 anos, cerca de 1.000 pessoas. A primeira auto maca foi concluída em 1940, após laborioso trabalho de vários bombeiros e alguns operários da vila, coordenados por Francisco dos Santos Magina, Chefe de Material da Corporação.

Os bombeiros montemorenses não limitaram a sua actividade à área do concelho, comparecendo em localidades vizinhas sempre que solicitados.

A estreita colaboração entre a Liga dos Bombeiros Portugueses e a sua filiada de primeira hora, ficou registada na comparência de uma delegação da Associação em todos os Congressos Nacionais de Bombeiros. Além do Comandante, que integrava a Mesa, havia sempre um membro da Direcção a acompanhar os trabalhos, cuja duração habitual era de três dias. E uma delegação do Corpo Activo participava sempre nas paradas promovidas no âmbito destes eventos. Fragoso Amado assumia sempre o encargo financeiro da sua participação, sendo o exemplo por vezes seguido por outros delegados da Associação.

Finalmente, em 2 de Outubro de 1937, a Associação obtinha o tão almejado reconhecimento oficial, com a aprovação dos Estatutos pelo Governo Civil de Évora. A realização a 7 de Novembro de 1938, da primeira Assembleia Geral da Associação, encerrou definitivamente o longo período transitório de mais de 8 anos. Promoveu-se a eleição dos Corpos Gerentes para o biénio 1939 – 40, assim constituídos. Direcção: doutor Alfredo Maria Praça Cunhal, presidente; Benigno de Almeida Faria, vice-presidente; Luis Manuel Vidigal Oliveira, tesoureiro; Diogo Fragoso Carneiro, secretário; e Luis Henrique Fragoso Amado, vogal nato, por inerência da sua condição de Comandante. Mesa da Assembleia Geral: engenheiro António Justino Mexia da Costa Praça, presidente; João Nunes Mexia, Vice-Presidente; Armando Humberto de Oliveira, 1º secretário; e Horácio Macedo, 2º secretário. Conselho Fiscal: António Lopes de Andrade; Manuel Francisco Semedo; e Manuel Joaquim Teias Vacas.

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